15 de janeiro de 2012

O Deus da Carnificina

Adaptado da peça teatral “Le Dieu du Carnage”, da autoria de Yasmina Reza, “Carnage” é uma obra obra deveras invulgar e muito bem concretizada.A sua génese teatral não é desrespeitada em momento algum, muito pelo contrário. Polanski terá intencionado manter-se o mais fiel possível ao material de origem, apresentando-nos uma película que tem tanto de cinema como de teatro. De facto, Polanski une aquilo que estas duas artes têm de melhor para criar uma obra tão singular quanto admirável. Apegando-se à tradição teatral, a narrativa decorre praticamente num único espaço físico (o apartamento modesto de um casal de classe média, quiçá uma tentativa de universalizar os acontecimentos aqui retratados, piscando o olho à ideia de que estes poderão não ser tão absurdos e inusitados quanto possam parecer), suficientemente amplo e rico em detalhes para permitir que as personagens desabrochem de forma natural ante o olhar atento do espectador. Adorei a forma como a câmara de Polanski capta os trejeitos das personagens e o desenrolar das operações de tal forma que saímos da sala com a sensação de que fizemos mesmo parte daquela imensa discussão. Um filme fabuloso realizado com a mestria de Roman Polanski e quatro atores fabulosos Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz, John C.Reilly.


Quando os filhos de dois casais desconhecidos chegam a vias de facto no jardim da escola que frequentam, Nancy Cowan (Kate Winslet) e Alan Cowan (Christoph Waltz) juntam-se a Penelope Longstreet (Jodie Foster) e Michael Longstreet (John C. Reilly) para uma discussão amigável entre progenitores. Agredido com um pau pelo filho dos Cowan, o rebento dos Longstreet sofre deformidades que se julgam temporárias mas que atingem um certo grau de gravidade, pelo que ambos os casais decidem que têm de ter uma conversa. Apesar de furiosos, Penelope e Michael desejam resolver as coisas a bem, estando mesmo dispostos a não causar muito furor desde que os pais do jovem agressor se mostrem sentidos e prontos a pagar as contas médicas. Nancy e Alan mostram também o seu civismo, prontificando-se a pagar tudo o que for necessário e a repreender o seu próprio filho para que tal coisa não volte a suceder. A contenda parece então prestes a resolver-se da forma mais pacífica e cordial possível. Contudo, a tensão da triste ocasião torna-se demasiado asfixiante para simplesmente se resolver tudo com um sorriso. Passadas as cordialidades da praxe, ambos os casais começam a compreender que não estão propriamente dispostos a abdicar do seu orgulho paternal. E com a fugacidade de um mero estalar de dedos, a conversa amigável transforma-se rapidamente numa discussão infernal, colocando a olho nu os verdadeiros sentimentos de quatro personagens verdadeiramente angustiadas e inadaptadas.


É uma delícia assistir à forma como Polanski despoja estas personagens de todo o seu civismo hipócrita, despindo-as de moralismos falsos e colocando-as ao dispor da mais brutal das sinceridades. Mais do que um ensaio sobre o orgulho paternal ou a gritante incongruência das leis sociais, “Carnage” é um ensaio sobre a própria natureza humana. E este ensaio é realizado de uma forma admiravelmente honesta e arrojada, estando-se nas tintas para aquilo que é considerado convencional ou apropriado. Polanski mostra o ser humano exactamente como ele é neste tipo de situações: mesquinho, orgulhoso, falso, trapaceiro. E é um alívio enorme para o espectador ver que ainda há quem tenha a coragem de retratar as coisas como elas são realmente. Os quatro (grandes) actores do elenco levam as suas personagens ao extremo, despindo-as de todo e qualquer tipo de falsidade para brindar o espectador com altas doses de veracidade humana. Não há nenhum que se destaque claramente dos outros, pois todos têm tempo de antena mais do que suficiente para brilhar bem alto. Mas importa referir que é um prazer enorme assistir ao regresso de Christoph Waltz aos papéis com substância, depois de algumas apostas de carreira algo duvidosas. As dinâmicas entre as quatro personagens são de levar qualquer psicólogo ao êxtase emocional, tal é a riqueza do conteúdo aqui apresentado. Um conteúdo que nos leva a rir às gargalhadas em determinados momentos, mas que nunca deixa de ser tremendamente realista. “Carnage” afirma-se assim como um produto cinematográfico de visionamento bastante recomendável, pecando apenas por um final demasiado abrupto e uma duração um pouco curta.

Rodapé 1: A.D.O.R.E.I
Rodapé 2: Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz, John C. Reilly, os actores são fabulosos.

11 de janeiro de 2012

Sometimes...



"..Sometimes I need some time... on my own
Sometimes I need some time... all alone
Everybody needs some time... on their own
Don't you know you need some time... all alone.."

(Guns 'N Roses)


Rodapé: Yeap

9 de janeiro de 2012

Yes... I want (2)


Candeeiro de tecto feito com cartolina e tampas plásticas brancas


Rodapé: So easy and fashion

Palavras (não ditas)


O silêncio das palavras ....
aquelas...as não ditas
tortura
dilacera
... é desvastador

Rodapé: agora não....  empty.

8 de janeiro de 2012

Yes... I want

Sim quero!!!

Não perguntem porquê...

Quero e pronto!


 Sala decorada com móveis e objetos feitos em cartão canelado

O sofá para relaxar..... aí aí 

A cama de cartão... que linda !

Ah este castiçal ... jantar à luz das velas



Rodapé: Fácil, simples a partir de materiais reclicados. Amei!

O olho do coração

Somos eternos aprendizes. Independentemente da raça, classe social, cor ou religião todos nós vivemos num mundo em mudança. Nunca como agora a valorização do ser humano em comunhão com a natureza fez mais sentido. Todo o Homem tem em si uma natureza genuína. Pode nem ter essa consciência, mas ela existe dentro de si. Chama-se o olho do coração. Intuição. O coração não se engana. Como poderia? Afinal ele vê, sente, investiga, pressente.

A correria em que a maioria dos membros das actuais sociedades vivem relega para segundo plano o escutar a intuição. É urgente que se encontrem ferramentas fundamentais para a reversão de um quadro de insensibilidade brutal que pode assolar a humanidade. Assim, a força da gentileza, do ouvir o outro, do olhar nos olhos, da gratidão assumem nova importância, para a nova era que se aproxima.

A implementação de uma nova ética, que é a ética do coração, do compartilhar e do sentir-se intimamente ligado à Natureza, ao Planeta, aos outros seres, faz-se necessária neste momento; isto pode determinar um novo ritmo nas vidas de cada pessoa e de todas as organizações. É em momentos de perda que se pára. Escutar o coração e seguir o caminho escutado, o da intuição.

A calma interior, a tranquilidade, a harmonia com o que se sente interiormente é forte e poderosa, é através dela que a alma sábia se expressa. Cada um de nós ao tornar-se disponível para participar na mudança do mundo é a semente que pode dar muitos frutos. O valor é inestimavél.

A cada experiência vivida ou sentida aprendemos mais acerca de nós. Consciencializamos que o dado adquirido nem sempre o é. E crescemos. O sermos eternos aprendizes é uma dádiva.



Rodapé: Em consciência. Agir com consciência tem um efeito poderoso nas nossas vidas.