A palavra "silêncio" aparece na nossa língua no século XII, mais exactamente em 1190. Descende do latim silentium, e é portanto a sua tradução exacta. O francês arcaico empregava mesmo, à semelhança do latim silere, o verbo siler, que significava: calar-se. Hoje em dia encontramos, relacionado com ele, um adjectivo: silencioso, silenciosa; um advérbio: silenciosamente; e um curioso nome vindo também da antiguidade romana: silenciário, palavra que designa o oficial que fazia manter o silêncio entre os escravos e, por acréscimo, os religiosos que mantêm um longo silêncio e todos aqueles que se mantêm em silêncio durante longos períodos.
Marc de Smedt, escreveu "O silêncio é a cor das ocorrências da vida: pode ser ligeiro, denso, cinzento, alegre, venerável, aéreo, triste, desesperado, feliz. Colora-se de todas as infinitas tonalidades das nossas vidas... Se o escutarmos, o silêncio fala-nos e elucida-nos constantemente acerca do estado dos lugares e dos seres, acerca da textura e da qualidade das situações que enfrentamos. É o nosso companheiro íntimo, o âmago permanente do qual tudo se liberta.”
Silêncio!
Não é a origem da palavra que me importa. Nem sequer o seu significado. Neste momento, pelo menos, agora, não é o que me interessa. Tantas as vezes busco o silêncio. Para raciocinar melhor, para me concentrar. Por mil e uma razões. Umas vezes verbalizo a palavra, outras simplesmente a penso, sinto e imagino.
Eu que tanto necessito de silêncio. Que preciso de estar só.
Eu comigo.
Me, myself and I!
E hoje não queria. E não me conseguia afastar de mim. Nem com a help do meu mantra o consegui....!
Há dias assim...
Hoje, de regresso a casa, trazida por enorme volvo laranja (confortávelmente sentada, diga-se de passagem), queria silêncio. Na minha cabeça, na minha mente. Não queria ouvir os meus pensamentos. Queria-os longe. Não queria sentir. Não queria a mente repleta de imagens, a cores e a preto e branco. Imagens que gritam, doem e me causam arrepios.
Porquê?
Porque razão às vezes o pensamento está em silêncio? Parece que nada se passa. Estou em paz interior. Organizada.
No meio desse silêncio correm rios de palavras soltas que se acumulam. Se transformam em frases. Umas com sentido e outras... outras sem sentido. Ou então sou eu que não lhes quero atribuir qualquer sentido. São palavras que desaguam neste mar de dúvidas e incertezas. Não quero verdades. Não quero verdades absolutas. Quero interrogações que me abanem, me interroguem. Quero verdades no meio das vivências. Vividas. Sonhadas. Principalmente sentidas. Não quero verdades do passado. Quero descobrir as verdades do Futuro.
Do silêncio, apetece-me voltar a sentir a forma como o teu silêncio lia o meu. A partilha de silêncios repleta de sabedoria. De entendimento. Comunhão e Partilha. Apetece-me o silêncio em que me senti decifrada. E em que também eu decifrei. Apetece-me sorrir de tanto silêncio! Dançar ao som da música que trago na mente e se manifesta em movimentos corporais. Numa dança sem fim.
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